domingo, 16 de março de 2014

A natureza ensina...


 A vida é mais simples do que parece... Nós é que temos o péssimo hábito de complicar as coisas, e o que é pior: não valorizamos o fácil e nem o disponível. Quanto mais difícil ou inacessível uma coisa nos parece, mais sonhamos com ela... O que é de graça, então, não tem a menor credibilidade. Que forma estranha de viver...
 Mas é fácil entender porque agimos dessa forma. A nossa Educação privilegia o cérebro e o conhecimento científico. Nenhum valor é dado ao coração, onde na verdade está toda a sabedoria para se ter uma vida plena. Somos incentivados desde cedo a olhar para fora, nunca para dentro de nós mesmos. Por isso buscamos sempre alternativas fora de nós para resolver nossos problemas internos.
 É uma loucura só, uma busca inútil, sofrida, sem sentido. Ora, o que foi perdido dentro de nós, só poderá ser encontrado dentro de nós, e em nenhum outro lugar. Paz a gente perde é dentro, não adianta buscar por ela no Himalaia ou em qualquer outro lugar sagrado. O que a montanha sagrada vai nos ensinar é o que já sabemos: todas as respostas estão dentro! Nenhuma viagem é necessária para se recuperar a paz perdida dentro de nós mesmos em algum momento de nossas vidas.
 E quer saber? Ninguém precisa tanto de terapeuta como imagina. A terapia é o atalho de quem não quer caminhar e encontrar suas próprias respostas, é o caminho do preguiçoso, da pessoa que está viciada em apertar um botão e ver a coisa funcionando na velocidade da tecnologia moderna. Mas nas questões do espírito, meu amigo, o buraco é mais embaixo, as soluções nunca são instantâneas. O Google não funciona para as coisas da alma.
 No plano espiritual a coisa é diferente... o mesmo tempo que foi gasto para destruir uma harmonia interna, terá que ser gasto para reconstituí-la... A reconstrução é um processo lento, que pode durar uma vida inteira, dependendo do estrago que se fez na alma, através de pensamentos, sentimentos e ações nocivas. Sempre que contrariamos a nossa natureza, que é a bondade e o amor, somos compulsoriamente levados a uma retratação. É por isso que os budistas dizem que estamos condenados à perfeição, querendo ou não caminhamos na direção da luz e do aperfeiçoamento espiritual.
 Alguns fazem esse caminho motivados pelo amor, mas infelizmente a grande maioria é impulsionada pela dor. Quando surge uma doença grave ou alguém muito próximo morre, uma campainha toca dentro da gente, algo se modifica instantaneamente. Quanto mais profunda é a dor, maior será a possibilidade de transformação. O que parece ser o fim, se transforma na verdade em um momento de redenção. Aí acontece o despertar divino, que nos faz olhar novamente para dentro de nós mesmos.
 A alma que tem coragem de fazer o mergulho interno, descobre que é um ser divino, portador de infinitas possibilidades. Descobre também que tem diante de si todo dia um dos mais eficientes mestres espirituais: a natureza! Como ela nos ensina... e faz tudo silenciosamente, gratuitamente, sem qualquer comedimento... sem esperar nada em troca... nenhum dízimo é necessário... nem sequer gratidão ela espera de nós. Faz porque faz. Faz porque é puro amor e tudo que o amor almeja é continuar amando... se espalhando, envolvendo mais e mais pessoas.

 
 O que nos ensina a água? Que não devemos nos confrontar com nenhum obstáculo que surge diante de nós... Ao se deparar com uma rocha, a água não se estressa, não toma Rivotril, não xinga a mãe de ninguém e nem se zanga com Deus... ela simplesmente se divide, contorna o obstáculo e segue o seu caminho na direção do mar mansamente. A água tem meta, pensa grande, quer se tornar oceano, por isso não perde tempo com bobagens durante o percurso...
 A mesma graciosidade tem o bambu... Quando a tempestade surge, ele se curva, abandona completamente a resistência... aceita a fúria do vento, faz o mesmo movimento dele, acompanha humildemente a sua dinâmica. E só quando ele se acalma, o bambu volta para a sua habitual altivez, olhando sempre para o céu. Ele jamais perde tempo olhando o que acontece ao seu redor, não reclama da tempestade, está sempre ocupado com as coisas do alto, mirando o infinito.
 Quantas lições nos trazem também os animais...  Se você ainda não sabe, o gato é um catalisador de energias densas, faz naturalmente a proteção da casa, neutralizando a força de pessoas e ambientes tóxicos. O lugar onde um gato escolhe para dormir, é sempre o mais necessitado de proteção.Ele não abandona uma pessoa que está momentaneamente deprimida... Pelo contrário, se enrosca bem pertinho dela, ajudando-a a superar aquele momento. Estar deprimido é estar desespiritualizado, necessitado do amor Divino. O gato já nasce com esta compreensão, por isso oferece o seu amor silencioso.
Os cães são mestres na arte da compaixão... sua capacidade de perdoar é infinita. Eles nos vêem como somos ou até mais profundamente – eles nos enxergam como podemos ser. A integridade de um cão faz com que ele feche os olhos para a feiúra das pessoas que o maltratam, vendo nelas apenas a beleza, enquanto espera pacientemente que o seu lado melhor se manifeste. E nós, que já nos consideramos humanos, ainda achamos que não temos nada para aprender com eles... doce ilusão.
 A verdade é que os mestres estão por toda parte, é bobagem achar que eles são restritos aos ambientes religiosos. Basta olhar com mais atenção ao que acontece à nossa volta... basta sentar-se diante da natureza como aluno, não mais como um transeunte distraído ou um depredador. A mãe Gaia, a mãe natureza que a todos acolhe, sabe tudo, ela pode nos restituir a paz que foi perdida em algum momento dentro de nós. A sua simples contemplação já nos faz ascender a níveis elevados de consciência.
 E para se chegar a essa mãe generosa e sábia, só precisamos desacelerar os passos, abandonar toda a pressa e mergulhar no silêncio. Tudo virá como consequência natural dessa tremenda coragem. Digo tremenda coragem porque durante muito tempo você talvez tenha se mantido do lado de fora, ocupado em conhecer o mundo, não a você mesmo... o que existe dentro é completamente desconhecido, causa medo mesmo. Há que se ter muita coragem para calar a mente e ouvir a alma.
 Atreva-se hoje a fazer diferente. A loucura do mundo é que as pessoas querem fazer sempre as mesmas coisas e obter resultados diferentes. Tenha coragem de trafegar na contramão. Vão chamar você de louco? Certamente que sim, a sociedade se incomoda com tudo que contraria o molde social estabelecido. Mas você não é nenhum boi para seguir a boiada conformado, de cabeça baixa, resignado com a vida medíocre que as convenções sociais programaram para você.
 Você é filho do dono do mundo, esqueceu? Pois trate de lembrar e honrar a sua origem divina. Ninguém vai fazer isso para você... essa é uma responsabilidade sua... é um caminho que se faz solitariamente. O silêncio nos traz clareza, discernimento, nos aproxima do Divino que mora em nós, na parte mais silenciosa do nosso coração.
 O negócio, meu amigo, minha amiga, é abandonar o medo, respirar muito, preencher-se de amor, segurar na mão de Deus e prosseguir na luz... Quando a gente entra em sintonia fina com as leis divinas, quando tem a sabedoria de aprender com a natureza, toma posse da verdadeira vida, que é deslumbrante e bela! (Jane Mary de Abreu)
 

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